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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

São Pio rogai por nós

22/09/2008 22:15:25
Notícias - Estigamas Frei Pio

Relato inédito da estigmatização do Padre Pio
«Eu te associo à minha Paixão»: um dom de graça para a «saúde» dos irmãos
De Zenit

Por Mirko Testa
ROMA, segunda-feira, 22 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- O Padre Pio de Pietrelcina recebeu em 1918 os estigmas de Jesus Crucificado, que em uma aparição o convidou a unir-se à sua Paixão para participar da salvação dos irmãos, em especial dos consagrados.
Este elemento particular foi conhecido graças à recente abertura dos arquivos do antigo Santo Ofício de 1939 (atual Congregação para a Doutrina da Fé), que custodiam as revelações secretas do frade sobre fatos e fenômenos nunca contados a ninguém.
Agora saíram à luz no livro «Padre Pio sotto inchiesta. L’autobiografia segreta» (Pe. Pio indagado. A auto-biografia secreta, N. do T.), com prólogo de Vittorio Messori, e preparado pelo sacerdote italiano Francesco Castelli, historiador para a causa de beatificação de Karol Wojtyla e professor de História da Igreja moderna e contemporânea no ISSR «R. Guardini», de Tarento (Itália).
Até hoje parecia, de fato, que o Padre Pio, por pudor ou talvez por considerar-se indigno dos extraordinários carismas recebidos, não teria revelado a ninguém o que aconteceu no dia de sua estigmatização.
Só existe um dado a respeito disso, que se encontra em uma carta enviada a seu diretor espiritual, o Pe. Benedetto de São Marco in Lamis, quando fala da aparição de um «misterioso personagem», mas sem deixar transluzir outros detalhes.
O livro, que oferece pela primeira vez o informe na íntegra, redigido por Dom Raffaello Carlo Rossi, bispo de Volterra e Visitador Apostólico enviado pelo Santo Ofício para «inquirir» em secreto o Padre Pio, declara finalmente que o santo de Gargano teve um colóquio com Jesus crucificado.
Dom Rossi foi o único representante de uma congregação vaticana encarregado de estudar os estigmas do Padre Pio. Ele se pronunciou favoravelmente, considerando que sua origem era divina, desmentindo ponto por ponto as hipóteses apresentadas pelo Pe. Agostino Gemelli, que definiu os estigmas como «fruto da sugestão».
Uma segunda fonte autobiográfica do Padre Pio, prestada sob juramento, foi acrescentada ao seu epistolário, oferecendo as chaves de leitura adequadas para conhecer a personalidade e a missão de «sacerdote associado à Paixão de Cristo» do frade com os estigmas.
Chamado a responder jurando sobre o Evangelho, pouco depois dos fenômenos místicos, o Padre Pio revelou pela primeira vez a identidade daquele que o estigmatizou.
Em 15 de junho de 1921, por volta das 17 horas, interrogado pelo bispo, o Padre Pio respondeu assim: «Em 20 de setembro de 1918, depois da celebração da Missa, ao entreter-me para fazer a ação de graças no Coro, em um momento fui assaltado por um grande tremor, depois voltei para a calma e vi NS (Nosso Senhor) com a postura de quem está na cruz».
«Não teria me impressionado se tivesse a Cruz, lamentando-se da falta de correspondência dos homens, especialmente dos consagrados a Ele e, por isso, mais favorecidos.»
«Assim – continua seu relato – se manifestava que ele sofria e que desejava associar as almas à sua Paixão. Convidava-me a compenetrar-me com suas dores e a meditá-las: ao mesmo tempo, a ocupar-me da saúde dos irmãos. Imediatamente me senti cheio de compaixão pelas dores do Senhor e lhe perguntava o que podia fazer.»
«Ouvi esta voz: ‘Eu te associo á minha Paixão’. E logo depois, desaparecida a visão, voltei a mim, recobrei a razão e vi estes sinais aqui, dos quais pingava sangue. Antes não tinha nada.»
O Padre Pio revela, portanto, que a estigmatização não foi resultado de um pedido seu, mas um convite do Senhor, que, lamentando-se da ingratidão dos homens, particularmente dos consagrados, tornava-o destinatário de uma missão, como cume de um caminho de preparação interior e mística.
Por outro lado, explica o autor do livro, «o tema da falta de correspondência dos homens, particularmente daqueles que haviam sido mais favorecidos por Deus, não é novo nas revelações privadas do capuchinho».
De fato, o Padre Pio relatou que em uma aparição, no dia 7 de abril de 1913, Jesus, com «uma grande expressão de desgosto no rosto», olhando para uma multidão de sacerdotes, disse-lhe: «Eu estarei em agonia até o fim do mundo, por causa das almas mais beneficiadas por mim».
Entrevistado pela ZENIT, Francesco Castelli afirma que «há um aspecto decisivo no fato de que não haveria um pedido dos estigmas por parte do Padre Pio. Isso nos dá a entender a liberdade e a humildade do capuchinho, que não mostrava absolutamente nenhum interesse em mostrar as feridas».
«A humildade do Padre Pio se transluz também em sua reação, ao recobrar os sentidos: os sinais da Paixão marcados em sua carne – sublinha o historiador –. Uma vez concluída a cena mística, ele não fala dela. Não faz nenhum comentário.»
Das conversas, de sua correspondência, das testemunhas interrogadas por Dom Rossi e inclusive de seu informe se desprende o fato de que o Padre Pio sentia desgosto pelos sinais da Paixão, que tentava escondê-los e que sofria por ter de mostrá-los pelos contínuos pedidos do visitador apostólico.
A ferida do lado e a sexta chaga do patibulum crucis
O livro refere também as conclusões de Dom Rossi aos reconhecimentos realizados sobre os estigmas do Padre Pio, efetuados pessoalmente por ele, dos quais se tinha notícia só em parte, e que oferecem grandes novidades, especialmente no que diz respeito à morfologia da ferida do lado e a suposta sexta chaga das costas.
Em seu informe, o visitador revela que as feridas do Padre Pio não se fechavam, não cicatrizavam. Permaneciam inexplicavelmente abertas e sangrando, apesar de o frade ter deixado de untá-las com tintura de iodo para tentar conter o sangue.
«A descrição de Dom Rossi sobre o estigma do lado – afirma Castelli à Zenit – é decididamente diferente das daqueles que o precederam e dos que o seguiram. Não lhe é apresentado como uma cruz inclinada ou inclusive obliqua, mas como uma ‘mancha triangular’ e, portanto, de contornos definidos.»
Na ata do exame, o bispo de Volterra, contrariamente ao que revelam outros médicos, sustenta que «não há aberturas, cortes ou feridas» e que em tal caso «se pode supor legitimamente que o sangue saia por exsudação», ou seja – explica Castelli – que se tratava de «material sanguíneo que saiu por uma forma de hiper-permeabilidade das paredes dos vasos».
«Isso testifica a favor de sua autenticidade – explica o historiador –, porque o ácido fênico, que segundo alguns teria sido utilizado pelo Padre Pio para produzir as chagas, uma vez aplicado, acaba por consumir os tecidos, inflamando as áreas circundantes.»
«É difícil pensar que o Padre Pio tivesse estado em grau de produzir-se estas feridas durante 60 anos e de forma constante», comenta Castelli.
«Aas chagas se desprendia também um perfume intenso de violeta ao lugar do odor fétido causado pelos processos degenerativos, pelas necroses dos tecidos, ou pela presença de infecções.»
Outro elemento digno de menção é o fato de que o Pe. Pio ter confessado abertamente não ter outros sinais visíveis da Paixão fora dos das mãos, dos pés e do lado, excluindo a existência de uma chaga à altura do ombro onde Jesus levava a cruz, da qual fala uma oração atribuída a São Bernardo.
Antes de então, no entanto, haviam surgido hipóteses sobre sua existência, especialmente sobre a base das revelações a respeito disso do cardeal Andrzej Maria Deskur, que em uma entrevista havia falado sobre um encontro, em São Giovanni Rotondo, em abril de 1948, entre o então sacerdote Karol Wojtyla e o frade estigmatizado.
Segundo Castelli, «esta revela fixa agora em 1921 o limite antes do qual não se pode subir ao atribuir ao Padre Pio a existência de qualquer outro sinal da Paixão».

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Oremos por nossos irmãos que sofrem perseguições!!!!

Terça-feira, 16 de setembro de 2008, 08h00

Perseguição aos cristãos está se estendendo por toda a Índia


Rádio Vaticano


Reuters
Confronto com policiais indianos um dia depois que seis igrejas foram atacadas na região
A violência contra os cristãos em Orissa está se estendendo para outros Estados da Federação indiana. O alarme chega agora do Estado de Karnataka, no Sudoeste do país, onde domingo, dia 14 de setembro, ativistas radicais hindus ligados à rede de ''Bajrang Dal'' atacaram 15 edifícios, entre os quais igrejas, lugares de culto e instituições cristãs, muitas deles pertencentes à Igreja católica.

O cardeal Varkey Vithayathil, Presidente da Conferência episcopal, condenou duramente os novos episódios de violência afirmando: "Os ataques contra os cristãos são manifestações de uma crescente intolerância de alguns setores da sociedade que continuam a desafiar os direitos constitucionais garantidos aos cidadãos desta nação. Pedimos a eles que desistam de tais provocações contra as minorias religiosas na Índia e utilizem o caminho do diálogo e do respeito pelos outros para o confronto sobre toda questão de natureza política, social ou religiosa".

Os bispos reafirmaram ainda a sua posição contra toda forma de violência que mina a convivência civil, apelando a todos os cidadãos da Índia: "Como nação não podemos permitir sermos sugados pelo redemoinho dos instintos primitivos de conflito e destruição. A comunidade cristã vive na Índia de modo pacífico, também neste momento, em que é submetida a provocações e violências".

"Este comportamento, afirma ainda a Igreja indiana, não deve ser interpretado como fraqueza, mas como uma opção preferencial baseada nos princípios do viver civil. A comunidade cristã continua com os seus serviços em todos os setores da sociedade indiana, sem alguma discriminação. Entretanto acusações infundadas de conversões fraudulentas são feitas por aqueles que desejam a polarização social com base no credo religioso".

"Nós, como cidadãos responsáveis, não sucumbiremos a esta estratégia da divisão, mas continuaremos a trabalhar, no espírito de Cristo, nosso mestre, pela unidade, a integridade e o progresso da nação".

Os bispos condenaram também os recentes atentados terroristas perpetrados em alguns mercados e ruas de Nova Delhi, que provocaram a morte de pelo menos 20 pessoas e ferimentos em mais de 100. Os atentados foram reivindicados pelo grupo militar dos "'Mujaheddin Indianos"'.

A Igreja expressou solidariedade às vítimas e seus pêsames às famílias dos que morreram, afirmando que "tais gestos covardes não têm nenhum respeito pela vida humana e pela sua sacralidade. Devemos derrotar todo nefasto desenho de tais elementos nocivos à sociedade", lançando um apelo pela harmonia e a paz no país. Assegurando a oração dos cristãos pelas vítimas e por suas família, os bispos acrescentaram uma especial intenção de oração pela paz e a reconciliação social no país.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Não é mais PÃO é DEUS presente Cordeiro imolado sobre o altar, NÃO é mais vinho é Sangue do Senhor que nos liberta e cura o nosso coração da dor!

08/09/2008 14:53:21

Eucaristia - O Senhor É

O SENHOR É - A Eucaristia É Jesus Vivo!
Autor: Athanasius Schneider

DOMINUS EST
(É O SENHOR)
Reflexões de um bispo da Ásia Central
sobre a Sagrada Comunhão

Retirado de - “Anunciai a Boa Nova” - 2008

PREFÁCIO

No Livro do Apocalipse, São João conta como, tendo visto e ouvido aquilo que lhe foi revelado, se prostrava em adoração aos pés do anjo de Deus (Ap 22,8). Prostrar-se ou pôr-se de joelhos diante da majestade da presença de Deus, em humilde adoração, era um hábito de reverência que Israel tinha sempre na presença do Senhor. Diz o primeiro livro dos Reis: “Logo que Salomão acabou de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, levantou-se de diante do altar do Senhor, onde estava ajoelhado com as mãos levantadas para o céu. De pé, abençoou toda a assembléia de Israel” (1 Re 8, 54-55). A posição da súplica do Rei é clara: Ele estava de joelhos diante do altar.
A mesma tradição é visível também no Novo Testamento, onde vemos Pedro pôr-se de joelhos diante de Jesus (Lc 5,8); Jairo, para pedir-Lhe que curasse a sua filha (Lc 8,41), o Samaritano, que veio agradecer-Lhe e Maria, irmã de Lázaro, para pedir o favor da vida para seu irmão (Jo 11, 32). A mesma atitude de prostração, perante a admiração da presença e revelação divina, se nota de uma forma geral no Livro do Apocalipse (Ap 5, 8-14 e 19,4).
Intimamente ligada a esta tradição, estava a convicção de que o Templo Santo de Jerusalém era a morada de Deus, e por isso no templo era necessário colocar-se em atitudes corporais expressivas de um profundo sentido de humildade e reverência, na presença do Senhor. Também na Igreja, a convicção profunda de que nas espécies Eucarísticas o Senhor está verdadeira e realmente presente e a crescente prática de conservar a santa comunhão nos sacrários, contribuiu para a prática de ajoelhar-se, em atitude de humilde adoração do Senhor, na Eucaristia.
De facto, a respeito da presença real de Cristo nas espécies Eucarísticas, o Concílio de Trento proclamou:
in almo sanctae Eucharistiae sacramento post panis et vivi consecrationem Dominum nostrum Jesum Christum verum Deum atque hominem vere, realiter ac substantialiter sub specie illarum rerum sensibilium contineri(DS 1651).
Além disso, São Tomás de Aquino tinha já definido a Eucaristia latens Deitas (São Tomás, Hinos). E a fé na presença real de Cristo nas espécies eucarísticas pertencia já desde então à essência da fé da Igreja Católica e era parte intrínseca da identidade católica. Era claro que se não podia edificar a Igreja se tal fé fosse minimamente atacada.
Por isso, a Eucaristia, Pão transubstanciado no Corpo de Cristo e vinho no Sangue de Cristo, Deus no meio de nós, devia ser acolhido com admiração, máxima reverência e num comportamento de humilde adoração. O Papa Bento XVI, recordando as palavras de Santo Agostinho “nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; peccemus non adorando(Enarrationes in Psalmos, 89, 9; CCL XXXIX, 1385) sublinha que “receber a Eucaristia significa pôr-se em atitude de adoração para com Aquele que recebemos (...) só na adoração pode amadurecer um acolhimento profundo e verdadeiro(Sacramentum Caritatis, 66).
Seguindo esta tradição, é claro que assumir gestos do corpo e do espírito que facilitam o silêncio, o recolhimento, a humilde aceitação da nossa pobreza diante da infinita grandeza e santidade d’Aquele que vem ao nosso encontro nas espécies eucarísticas tornava-se coerente e indispensável.
O melhor modo de exprimir o nosso sentimento de reverência para com o Senhor Eucarístico era o de seguir o exemplo de Pedro que, como conta o Evangelho, se prostrou de joelhos diante do Senhor e disse: “Senhor, afasta-Te de mim, porque sou um homem pecador(Lc 5,8).
Ora, nota-se como nalgumas igrejas, tal prática não existe, e os responsáveis, não só impõem aos fiéis que recebam a Santíssima Eucaristia de pé, mas eliminaram mesmo todos os genuflexórios, forçando assim os seus fiéis a estar sentados ou de pé, mesmo durante a elevação das espécies Eucarísticas apresentadas para a adoração.
É estranho que tais comportamentos tenham sido tomados nas dioceses, pelos próprios responsáveis da liturgia, ou nas igrejas, pelos párocos, sem a mais pequena consulta dos fiéis, embora hoje, mais do que nunca, se fale em muitos ambientes, de democracia na Igreja.
Ao mesmo tempo, falando da comunhão na mão, importa reconhecer que foi uma prática introduzida abusivamente e à pressa em alguns ambientes da Igreja, imediatamente depois do Concílio, mudando assim a secular prática precedente e tornando-se agora a prática regular para toda a Igreja. E justificava-se tal mudança, dizendo que refletia melhor o Evangelho ou a antiga prática da Igreja.
É verdade que se se recebe na língua, se poderá também receber na mão, uma vez que este órgão do corpo é igual em dignidade. Alguns, para justificar uma tal prática, referem-se às palavras de Jesus: “Tomai e comei” (Mc 14,22; Mt 26,26).
Quaisquer que sejam as razões com que defendem esta prática, não podemos deixar de ignorar aquilo que sucede a nível mundial, onde tal prática seja realizada. Este gesto contribui para um gradual e crescente enfraquecimento da atitude de reverência para com as sagradas espécies Eucarísticas. A prática precedente, pelo contrário, salvaguarda melhor este sentimento de reverência. Entretanto, acabaram por entrar: uma alarmante falta de recolhimento e um espírito de generalizada falta de atenção. Vêem-se agora comungantes, que tantas vezes voltam para os seus lugares como se nada de extraordinário tivesse acontecido. E de uma forma bem particularmente distraídas são as crianças e adolescentes. Em muitos casos, não se nota esse sentido de seriedade e silêncio interior, que devem assinalar a presença de Deus na alma.
Há, depois, abusos de quem leva para fora as sagradas espécies, para tê-las como recordação, de quem as vende, ou, pior ainda, de quem as leva para fora para as profanar em ritos satânicos. Tais situações foram devidamente postas em relevo. Mesmo nas grandes concelebrações, até mesmo em Roma, várias vezes foram encontradas espécies sagradas lançadas por terra.
Esta situação não nos leva apenas a refletir na grave perda de fé, mas também nos ultrajes e ofensas feitas ao Senhor, que se digna vir ao nosso encontro, querendo tornar-nos semelhantes a Ele, a fim de que estampe em nós a santidade de Deus.
O Papa fala da necessidade, não só de compreender o verdadeiro e profundo significado da Eucaristia, mas também de celebrá-lo com dignidade e reverência. Diz que é necessário estar conscientes da importância “dos gestos e da compostura, como o ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração Eucarística” (Sacramentum Caritatis, 65).
Além disso, falando da recepção da Sagrada Comunhão, convida a todos a: “fazer o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo no Sacramento(Sacramentum Caritatis, 50).
Nesta óptica, é de apreciar o Livrinho escrito por S. E. Mons. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Karaganda, no Kazakhstan, com o título muito significativo “Dominus est” (É o Senhor) . Ele mesmo quer dar um contributo para a discussão atual sobre a Eucaristia, presença real e substancial de Cristo nas espécies consagradas do Pão e do Vinho. É significativo que Mons. Schneider inicie a sua Apresentação com uma nota pessoal, recordando a profunda fé eucarística de sua mãe e de outras duas senhoras, fé conservada no meio de tantos sofrimentos e sacrifícios que a pequena comunidade dos católicos desse País sofreu, nos anos da perseguição soviética. Partindo desta sua experiência, que suscitou nele uma grande fé, admiração e devoção ao Senhor, presente na Eucaristia, ele apresenta-nos um ensaio histórico-teológico que esclarece como a prática de receber a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos foi acolhida e praticada na Igreja por um longo período de tempo. Agora, eu creio que terá chegado o momento de avaliar bem a referida prática e de rever e, se necessário, abandonar a atual que, de fato, não foi indicada, nem na própria Sacrosanctum Concilium, nem pelos Padres Conciliares, mas foi aceite, depois de uma introdução abusiva em alguns Países. Agora, mais do que nunca, é necessário ajudar os fiéis a renovar uma viva fé na presença real de Cristo nas espécies Eucarísticas, com o fim de reforçar a própria vida da Igreja e de a defender, no meio das perigosas distorções da fé que uma tal situação continua a causar.
As razões para uma tal iniciativa devem ser, não tanto as acadêmicas mas as pastorais - tanto espirituais como litúrgicas - numa palavra, aquilo que melhor edifica a fé.
Mons. Schneider, neste sentido, mostra uma louvável coragem, porque soube colher o verdadeiro significado das palavras de São Paulo: “Que tudo isto se faça de modo a edificar” (1 Cor 14,26).

+ MALCOLM RANJITH
Secretário da Congregação do Culto Divino
e da Disciplina dos Sacramentos


I - “Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat”

SENHORAS “EUCARÍSTICAS”
E A SAGRADA COMUNHÃO
NA CLANDESTINIDADE SOVIÉTICA

O regime comunista soviético, que durou cerca de 70 anos (1917-1991) tinha a pretensão de estabelecer uma espécie de paraíso na terra. Mas este reino não podia ter consistência, uma vez que era fundado na mentira, na violação da dignidade do homem, na negação e mesmo no ódio a Deus e à sua Igreja. Era um reino em que Deus e os valores espirituais não podiam e não deviam ter espaço algum. Todo o sinal que poderia recordar aos homens Deus, Cristo e a Igreja, era tirado da vida pública e da vista dos homens. Existia, porém, uma realidade que, na maioria dos casos, recordava aos homens Deus: o sacerdote. Por esta razão, o sacerdote não devia ser visível, e tão pouco devia existir. Para os perseguidores de Cristo e da Sua Igreja, o sacerdote era a pessoa mais perigosa. E talvez eles conhecessem mesmo, implicitamente, a razão pela qual o sacerdote era considerado a pessoa mais perigosa. A verdadeira razão era esta: só o sacerdote podia dar Deus aos homens, dar Cristo da maneira mais concreta e direta possível, isto é, através da Eucaristia e da Sagrada Comunhão. Por isso, era proibida a celebração da Santa Missa. Mas nenhum poder humano estava em condições de vencer o poder Divino, que agia no mistério da Igreja e, sobretudo, nos Sacramentos.
Durante esses anos bem nebulosos, a Igreja, no imenso império soviético, via-se forçada a viver na clandestinidade. Mas a coisa mais importante era esta: a Igreja era viva, ou melhor, vivíssima, se bem que lhe faltassem edifícios sagrados, se bem que houvesse uma enorme escassez de sacerdotes. A Igreja era vivíssima, porque lhe não faltava de todo a Eucaristia - muito embora bem raramente acessível aos fiéis - porque não lhe faltavam almas com fé bem firme no mistério eucarístico, porque não lhe faltavam mulheres, muitas vezes mães e avós, com uma alma “sacerdotal” que guardavam e mesmo administravam a Eucaristia com amor extraordinário, com delicadeza e com a máxima reverência possível, no espírito dos cristãos dos primeiros séculos, que se exprimia no adágio: “cum amore ac timore” (com amor e temor).
Entre os numerosos exemplos de mulheres “eucarísticas” do tempo da clandestinidade soviética, será aqui apresentado o exemplo de três mulheres do conhecimento pessoal do autor: Maria Schneider (mãe do autor), Pulcheria Koch (irmã do avô do autor , Maria Stang (paroquiana da diocese de Karaganda).
Maria Schneider, minha mãe, contava-me: depois da segunda guerra mundial, o regime stalinista deportava muitos alemães do Mar Negro e do rio Volga para os montes Urais, para se servir deles em trabalhos forçados. Todos eram internados em paupérrimas barracas, num gueto da cidade. Muitas vezes, iam ter com eles, no máximo segredo, alguns sacerdotes católicos, para lhes administrar os sacramentos. E faziam-no, pondo em grave perigo a sua própria vida. Entre esses sacerdotes, que vinham mais frequentemente, estava o Padre Alexij Saritski (sacerdote ucraniano greco-católico e biritualista, morto como mártir no dia 30.10.1963, próximo de Karaganda e beatificado pelo Papa João Paulo II no ano 2001). Os fiéis chamavam-no afetuosamente “o vagabundo de Deus”.
No mês de Janeiro de 1958, na cidade de Krasnokamsk, perto de Perm, nos montes Urais, inesperadamente, chegou em segredo Padre Alexij, proveniente do lugar do seu exílio, da cidade de Karaganda, no Kazakhstan.
Padre Alexij empenhava-se em que o maior número possível de fiéis fosse preparado para receber a Sagrada Comunhão. Por isso, ele mesmo se dispunha a ouvir a confissão dos fiéis literalmente dia e noite, sem dormir e sem comer. Os fiéis continuamente lhe diziam: “Padre, deve comer e dormir!” Mas ele respondia: “Não posso, porque a polícia pode prender-me de um momento para o outro e, depois, tantas pessoas ficariam sem se confessar e, por isso, sem comungar” . Logo que todos se haviam confessado, Padre Alexij começou a celebrar a Santa Missa. Inesperadamente, uma voz se ouviu: “A polícia está próxima!”. Maria Schneider assistia à Santa Missa e disse ao sacerdote: “Padre, eu posso escondê-lo, fujamos!” A mulher conduziu o sacerdote para uma casa fora do gueto alemão e escondeu-o num quarto, levando-lhe também alguma coisa de comer e disse: “Padre, agora, o senhor pode finalmente comer e repousar um pouco e, quando chegar a noite, fugiremos para a cidade mais próxima”. Padre Alexij estava triste, porque todos estavam confessados, mas não tinham podido receber a Sagrada Comunhão, porque a Santa Missa que apenas tinha começado tinha sido interrompida por causa da aproximação da polícia. Maria Schneider disse: “Padre, todos os fiéis farão com muita fé e devoção a Comunhão espiritual e esperamos que o Senhor possa regressar, para dar-nos a Sagrada Comunhão”.
Chegada a noite, começou-se a preparar a fuga. Maria Schneider deixou os seus dois filhos pequenos (um menino de dois anos e uma menina de seis meses) com sua mãe e chamou Pulcheria Kock (a tia de seu marido). As duas mulheres chamaram o Padre Alexij e fugiram, uns 12 quilômetros através do bosque, com neve e ao frio nada menos que a 30 graus abaixo de zero. Chegaram a uma pequena estação, compraram o bilhete para o Padre Alexij e sentaram-se na sala de espera, porque tinham de esperar ainda uma hora pela chegada do combóio. Inesperadamente abriu-se a porta e entrou um policial que se dirigiu diretamente ao Padre Alexij. Diante do Padre perguntou-lhe: “o senhor onde vai?” O Padre não ficou em condições de responder pelo seu espanto. Ele não temia pela sua vida, mas pela vida e pelo destino da jovem mãe Maria Schneider.
Pelo contrário, a jovem mulher respondeu ao polícia: “Este é nosso amigo e nós acompanhamo-lo. Eis o seu bilhete” e entregou o bilhete ao polícia. Este, guardando o bilhete, disse ao sacerdote: “Por favor, não entre no último vagão, porque esse será desligado do resto do comboio na próxima estação. Boa viagem!”. E imediatamente, o polícia saiu da sala. Padre Alexij olhou para Maria Schneider e disse-lhe: “Deus mandou-nos um anjo! Jamais esquecerei aquilo que ele fez por mim. Se Deus mo permitir, regressarei, para dar-vos a Sagrada Comunhão e em todas as minhas Missas rezarei por si e por seus filhos”.
Passado um ano, Padre Alexij, pôde regressar a Krasnokansk. Desta vez, pôde celebrar a Santa Missa e dar a Sagrada Comunhão aos fiéis. Maria Schneider pediu-lhe um favor: “Padre, poderia deixar-me uma hóstia consagrada, porque minha mãe está gravemente doente e ela desejaria muito receber a Comunhão, antes de morrer?”
Padre Alexij deixou uma hóstia consagrada, sob a condição de que se administrasse a Sagrada Comunhão com o máximo respeito possível. Maria Schneider prometeu agir desse modo. Antes de se transferir, com a sua família, para Kirghistan, Maria administrou a sua mãe, doente, a Sagrada Comunhão. Para o fazer, ela pôs luvas brancas novas e, com uma pinçazinha, deu a Comunhão a sua mãe. Depois, queimou a bolsa em que estava depositada a hóstia consagrada.
As famílias de Maria Schneider e de Pulcheria Koch transferiram-se depois para Kirghistan. Em 1962, Padre Alexij, visitou secretamente Kirghistan e encontrou Maria e Pulcheria, na cidade de Tokmak. Celebrou a Santa Missa na casa de Maria Schneider e, seguidamente, ainda uma outra vez, na casa de Pulcheria Koch. Como gesto de gratidão a Pulcheria, esta mulher anciã que o tinha ajudado a fugir no escuro e no frio do inverno dos montes Urais, Padre Alexij, deixou-lhe uma hóstia consagrada, dando-lhe, porém, uma instrução bem precisa: “Deixo-lhe uma hóstia consagrada. Faça a devoção dos primeiros nove meses em honra do Sagrado Coração de Jesus. Todas as primeiras sextas-feiras do mês, a senhora faça a exposição do Santíssimo na sua casa, convidando para a adoração pessoas de absoluta confiança, e tudo deverá ser feito com a máxima segurança e no maior segredo. Depois do nono mês, a senhora poderá consumir a hóstia, mas faça-o com a maior reverência possível!” E assim se fez. Durante nove meses, houve em Tormak uma adoração eucarística clandestina. Também Maria Schneider estava entre as adoradoras.
Estando de joelhos diante da pequenina hóstia, todas as senhoras adoradoras, estas senhoras verdadeiramente eucarísticas desejavam ardentemente receber a Sagrada Comunhão. Mas, infelizmente, havia apenas uma pequena hóstia e, ao mesmo tempo, numerosas pessoas desejosas de comungar. Por isso, Padre Alexij tinha decidido que, no fim dos nove meses, a recebesse apenas Pulcheria e todas as outras mulheres fizessem a Comunhão espiritual. No entanto, estas Comunhões espirituais eram muito preciosas, porque tornavam estas mulheres “eucarísticas” capazes de transmitir aos seus filhos, por assim dizer, com o leite materno, uma profunda fé e um grande amor à Eucaristia.
A entrega daquela pequena hóstia consagrada a Pulcheria Koch, na cidade de Tokmak, em Kirghistan, foi a última ação pastoral do Beato Alexij Saritski. Imediatamente depois do seu regresso a Karaganda, da sua viagem missionária a Kirghistan, no mês de Abril do ano de 1962, Padre Alexij foi preso pela polícia secreta e posto no campo de concentração de Dolinks, perto de Karaganda.
Depois de muitos maus tratos e humilhações, Padre Alexij obteve a palma do martírio “ex aerumnis carceris” , no dia 30 de Outubro de 1963. Neste dia, celebra-se a sua memória litúrgica, em todas as igrejas católicas de Kazakhstan e da Rússia; a Igreja greco-católica ucraniana celebra-o, juntamente com outros mártires ucranianos, no dia 27 de Junho. Foi um santo eucarístico que conseguiu educar mulheres eucarísticas. Estas mulheres eucarísticas eram como flores crescidas na escuridão e no deserto da clandestinidade, tornando assim a Igreja verdadeiramente viva.

O terceiro exemplo de mulher “eucarística” é o de Maria Stang, uma alemã do Volga, deportada para o Kazakhstan. Esta mãe e avó santa teve uma vida plena de incríveis sofrimentos, de contínuas renúncias e sacrifícios. Mas foi uma pessoa com muita fé, esperança e alegria espiritual. Já desde jovem, queria dedicar a sua vida a Deus. Por causa da perseguição comunista e da deportação, o caminho da sua vida foi doloroso. Maria Stang escreve nas suas memórias: “Tiraram-nos os sacerdotes. Na aldeia vizinha, havia ainda a igreja, mas infelizmente já não tinha sacerdote, já não tinha o Santíssimo. Mas sem o sacerdote, sem o Santíssimo, a igreja era tão fria. Eu via-me forçada a chorar amargamente”. A partir desse momento, Maria começou a rezar todos os dias e a oferecer sacrifícios a Deus, com esta oração: “Senhor, dai-nos de novo um sacerdote, dai-nos a Sagrada Comunhão! Tudo sofro de muito boa vontade por Vosso Amor, ó Santíssimo Coração de Jesus!” No interminável lugar de deportação do Kazakhstan oriental, Maria Stang reunia secretamente em sua casa, todos os domingos, outras mulheres para a oração. Durante essas assembléias dominicais, as mulheres muitas vezes choraram e rezaram assim: “Maria, nossa Santíssima e caríssima Mãe, vede como estamos pobres. Dai-nos de novo sacerdotes, doutores e pastores!”.
A partir do ano de 1965, Maria Stang conseguiu viajar uma vez por ano, a Kirghistan, onde vivia um sacerdote católico no exílio (a uma distância de mais de mil quilômetros). Nas imensas aldeias do Kazakhstan oriental, os católicos alemães não viam um sacerdote já há mais de vinte anos. Maria escreve: “Quando cheguei a Frunse (hoje Bishkek) em Kirghistan, encontrei um sacerdote. Entrando na sua casa, vi o sacrário. Não podia imaginar que, na minha vida, pudesse ver ainda uma vez mais o sacrário e o Senhor Eucarístico. Ajoelhei-me e comecei a chorar. Depois, aproximei-me do sacrário e beijei-o”.
Antes de partir para a sua viagem, para o Kasakhstan, o sacerdote entregou a Maria Stang uma píxide com algumas hóstias consagradas.
Na primeira vez que se reuniram os fiéis na presença do Santíssimo, Maria disse-lhes: “Temos uma alegria e uma felicidade que ninguém pode imaginar: temos conosco o Senhor Eucarístico e podemos recebê-Lo” . As pessoas presentes responderam: “Não podemos receber a Comunhão, porque já há tantos anos que nos não confessamos”. Depois, os fiéis reuniram-se em conselho e tomaram a seguinte decisão: “Os tempos são dificílimos e já que nos foi trazido o Santíssimo de a mais de mil quilômetros, Deus ser-nos-á propício. Metermo-nos-emos espiritualmente no confessionário diante do sacerdote, faremos um ato de contrição perfeita e cada um de nós se imporá a si mesmo uma penitência”. E assim fizeram todos; e, depois, receberam a Sagrada Comunhão, ajoelhados e num vale de lágrimas. Eram lágrimas, ao mesmo tempo, de contrição e de alegria.
Durante 30 anos, Maria Stang reunia todos os domingos os fiéis para a oração, ensinava às crianças e aos adultos o catecismo, preparava os esposos para o sacramento do matrimônio, realizava os ritos das exéquias e, sobretudo, administrava a Sagrada Comunhão. Sempre distribuía a Comunhão com um coração ardente e com um temor de extraordinária reverência. Era uma mulher com uma alma verdadeiramente sacerdotal, uma mulher eucarística!

II - “Cum amore ac timore”
(Com amor e temor)

Algumas observações histórico-litúrgicas
sobre a Sagrada Comunhão

1 - O grande Papa João Paulo II, na sua última encíclica, Ecclesia de Eucharistia, deixou à Igreja uma advertência ardente que soa como um verdadeiro testamento: “Devemos ocupar-nos a toda a pressa em não atenuar alguma dimensão ou exigência da Eucaristia. Assim nos demonstramos verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom... Não há perigo de exagerar no cuidado a ter com este mistério!” (n. 61).
A consciência da grandeza do mistério eucarístico mostra-se particularmente evidente na maneira como é distribuído e recebido o Corpo do Senhor. Isto se revela evidente no rito da Comunhão, na medida em que ela constitui a consumação do sacrifício eucarístico. Para o fiel ela é o ponto culminante do encontro e da união pessoal com Cristo, real e substancialmente presente sob o humilde véu das espécies eucarísticas. Este momento da liturgia eucarística tem verdadeiramente uma importância eminente que comporta uma especial exigência pastoral, mesmo no aspecto ritual do gesto.

2 - Consciente da grandeza e importância do momento da Sagrada Comunhão, a Igreja, na sua bimilenária tradição, tem procurado encontrar uma expressão ritual que pudesse testemunhar, do modo mais perfeito possível, a sua fé, o seu amor e o seu respeito. Isto mesmo se tem unificado quando, na esteira de um desenvolvimento orgânico, pelo menos a partir do século VI, a Igreja começou a adotar a modalidade de distribuir as sagradas espécies eucarísticas diretamente na boca. Assim o testemunham: a biografia do Papa Gregório Magno (pontífice nos anos 590-604) e uma indicação do mesmo Papa.
O sínodo de Córdova do ano 839 condenou a seita dos chamados “casiani”, por causa da sua recusa de receber a sagrada Comunhão directamente na boca. Depois, o sínodo de Rouen, no ano 878, confirmava a norma vigente da distribuição do Corpo do Senhor na língua, ameaçando os ministros sagrados de suspensão do seu cargo, se tivessem distribuído aos leigos a Sagrada Comunhão na mão.
No Ocidente, o gesto de prostrar-se e ajoelhar-se, antes de receber o Corpo do Senhor, observa-se nos ambientes monásticos, já a partir do século VI (por exemplo, nos mosteiros de São Columbano). Mais tarde, nos séculos X e XI, este gesto divulgou-se ainda mais.
No fim da era patrística, a prática de receber a Sagrada Comunhão diretamente na boca passa a ser por isso uma prática já difundida e quase universal. Este desenvolvimento orgânico pode considerar-se como um fruto da espiritualidade e da devoção eucarística do tempo dos Padres da Igreja. De fato, há várias exortações dos Padres da Igreja sobre a máxima veneração e cuidado para com o Corpo eucarístico do Senhor, particularmente a propósito dos fragmentos do pão consagrado. Quando se começou a notar que já não existiam as condições em que se podiam garantir as exigências do respeito e do caráter altamente sagrado do pão eucarístico, a Igreja, quer no Ocidente quer no Oriente, num admirável consenso e quase instintivamente apercebeu-se da urgência de distribuir a Sagrada Comunhão aos leigos apenas na boca.
O conhecido liturgista J.A.Jungmann explicava que, por causa da distribuição da Comunhão diretamente na boca, se eliminaram várias preocupações: que os fiéis devem ter as mãos lavadas, a preocupação ainda mais grave para que nenhum fragmento do pão consagrado se perca, a necessidade de purificar as palmas das mãos, depois da recepção do sacramento. O pano de Comunhão e, mais tarde, a bandeja da Comunhão serão uma bem clara expressão de um cada vez maior cuidado a respeito do sacramento eucarístico.
Para este desenvolvimento contribuiu igualmente um crescente aprofundamento da fé na presença real, que se exprimiu no Ocidente, por exemplo, na prática da adoração do Santíssimo sacramento solenemente exposto.

3 - O Corpo e o Sangue eucarísticos são os dons por excelência que Cristo deixou à Igreja, Sua esposa. O Papa João Paulo II fala, na encíclica Ecclesia de Eucharistia, da “admiração adorante frente ao dom incomensurável da Eucaristia” (n. 48), que se deve manifestar mesmo nos gestos externos: “Na onda deste elevado sentido do mistério se compreende como a fé da Igreja no mistério eucarístico se tenha expresso na história, não apenas através da instância de uma interior atitude de devoção, mas também através de uma série de expressões externas” (ibid. n. 49).
Por isso, o comportamento mais conforme com este dom é o comportamento da receptividade, a atitude de humildade do centurião, a atitude de deixar-se alimentar, justamente a atitude da criancinha. Isto vem expresso, mesmo nas seguintes e bem famosas palavras de um hino eucarístico: “O pão dos anjos torna-se pão dos homens... Ó coisa admirável: o servo pobre e humilde come o Senhor!”.
A palavra de Cristo, que nos convida a acolher o Reino de Deus como uma criança (Lc 18,17), pode encontrar a sua ilustração, de um modo bem sugestivo e belo, mesmo no gesto de receber o pão eucarístico diretamente na boca e de joelhos. Este rito manifesta, de um modo oportuno e feliz, o comportamento interior da criança que se deixa alimentar, unido ao gesto de humildade do centurião e ao gesto da admiração adorante.
O Papa João Paulo II punha em evidência a necessidade de expressões externas de respeito para com o pão eucarístico: “Se a lógica do “banquete” inspira familiaridade, a Igreja não tem nunca cedido à tentação de banalizar esta “familiaridade” com o seu Esposo, esquecendo-se de que Ele é também o Senhor. ... O banquete eucarístico é na realidade banquete “sagrado”, em que a simplicidade dos sinais esconde o abismo da santidade de Deus. O pão que é partido nos nossos altares... é pão dos anjos, do qual se não pode aproximar senão com a humildade do centurião do Evangelho” .
O comportamento da criança é o mais verdadeiro e profundo comportamento de um cristão diante do seu Salvador, que a alimenta com o Seu Corpo e o Seu Sangue, segundo as seguintes e bem comoventes expressões de Clemente de Alexandria: “O Logos é tudo para a criança: pai, mãe, pedagogo, nutridor. “Comei, diz Ele, a Minha carne e bebei o Meu sangue!”... Ó incrível mistério!” .
É possível supor que Cristo, durante a última Ceia, tenha dado o pão a cada Apóstolo diretamente na boca, e não apenas a Judas Iscariotes (Jo 13, 26-27). De fato, existia uma tradicional prática, no ambiente do Médio Oriente, no tempo de Jesus, e que dura ainda nos nossos dias: o chefe da casa alimenta os seus hóspedes com a sua própria mão, metendo um pedaço simbólico de alimento na boca dos hóspedes.
Uma outra consideração bíblica é fornecida pelo relato da vocação de Ezequiel. Ezequiel recebeu a palavra de Deus simbolicamente, diretamente na boca: “Abre a boca e come o que Eu te vou dar. Olhei e vi que uma mão se estendia para mim, a qual segurava um manuscrito enrolado... Abri a boca e fez-me engolir. Comi-o, pois, e na minha boca era doce como o mel” (Ez 2, 8-9; 3, 2-3).
Na Sagrada Comunhão, recebemos a Palavra, feita carne, feita alimento para nós pequenos, para nós criancinhas. Por conseguinte, quando nos aproximamos da Sagrada Comunhão, poderemos recordar-nos desse gesto do profeta Ezequiel, ou também da palavra do Salmo 81,11, que se encontra na liturgia das Horas da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo: “Abre a tua boca e Eu a encherei” (dilata os tuum et implebo illud).
Cristo alimenta-nos verdadeiramente com o Seu Corpo e Sangue, na Sagrada Comunhão e isto é comparado, na idade patrística, com o aleitamento materno, como o demonstram estas sugestivas palavras de São João Crisóstomo: “Com este mistério eucarístico, Cristo une-Se a todo o fiel e aqueles que gerou alimenta-os por Si mesmo e não os confia a um outro. Acaso não vedes com quanto entusiasmo os recém-nascidos aproximam os seus lábios do peito da mãe? Pois bem, aproxima-nos também nós com um tal ardor desta sagrada mesa e do peito desta bebida espiritual; ou antes, com um ardor ainda maior do que o dos que são amamentados!”.
O gesto de uma pessoa adulta, que está de joelhos e abre a sua boca, para se deixar alimentar como uma criancinha, corresponde de um modo muito feliz e impressionante às advertências dos Padres da Igreja, sobre o comportamento a ter durante a Sagrada Comunhão, isto é: “cum amore ac timore” (com amor e temor).
O gesto mais típico da adoração é o bíblico de ajoelhar-se, como o receberam e praticaram os primeiros cristãos. Para Tertuliano, que viveu entre o II e o III século, a mais alta forma de oração é o acto de adoração a Deus, que se deve manifestar também no gesto da genuflexão.
Rezam todos os anjos, reza toda a criatura, rezam os animais e as feras e dobram os joelhos”.
Santo Agostinho advertia que nós pecamos, se não adoramos o Corpo eucarístico do Senhor, quando O recebemos: “Ninguém coma essa carne, se antes a não adorou. Pecamos, se a não adoramos”.
Numa antiga Ordo communionis da tração litúrgica da Igreja copta, foi estabelecido: “Todos se prostram por terra, pequenos e grandes, e assim comece a distribuição da Comunhão”.
Segundo as Catequeses Mistagógicas, atribuidas a São Cirilo de Jerusalém, o fiel deve receber a Comunhão, com um gesto de adoração e veneração: “Não estendas as mãos, mas num gesto de adoração e veneração, aproxima-te do cálice do Sangue de Cristo”.
São João Crisóstomo exorta aqueles, que se aproximam do Corpo eucarístico do Senhor a imitar os Magos do Oriente, no espírito e no gesto da adoração: “Aproximemo-nos, pois, d’Ele com fervor e ardente caridade. Este corpo, embora se encontrasse numa manjedoura, adoraram-no os próprios Magos. Ora, esses homens, sem conhecimento da religião e sendo bárbaros, adoraram o Senhor com grande temor e tremor. Pois bem, nós que somos cidadãos dos céus, procuremos pelo menos imitar estes bárbaros! Tu, com diferença dos Magos, não vês simplesmente este corpo, mas conheceste toda a sua força e todo o seu poder salvífico. Incitemo-nos, pois, a nós mesmos, tremamos e mostremos uma piedade maior que a dos Magos”.
Já no século VI, nas igrejas gregas e siro-orientais, se prescrevia uma tríplice prostração, antes de se aproximar da Sagrada Comunhão.
Sobre a estrita ligação entre a adoração e a Sagrada Comunhão, assim falava sugestivamente o Cardeal J. Ratzinger: “Alimentar-se (da Eucaristia)... é um evento espiritual, que investe toda a realidade humana. “Alimentar-se” dela significa adorá-la. Por isto, a adoração... nem sequer se põe ao lado da Comunhão: a Comunhão atinge a sua profundidade, só quando é sustentada e absorvida pela adoração”. Por conseguinte, perante a humildade de Cristo e o Seu Amor, comunicado a cada um de nós nas espécies eucarísticas, não se pode senão ajoelhar-se. O Cardeal Ratzinger observava ainda: “O dobrar os joelhos na presença do Deus vivo é irrenunciável” . No Livro do Apocalipse, o livro da liturgia celeste, o gesto da prostração dos 24 anciãos diante do Cordeiro, pode ser o modelo e o critério de como a Igreja, na terra, deve tratar o Cordeiro de Deus, quando os fiéis se aproximam d’Ele e O tocam sob as espécies eucarísticas.
As normas litúrgicas da Igreja não exigem um gesto de adoração para aqueles que comungam de joelhos, pois o fato de se ajoelhar exprime por si mesmo a adoração. Pelo contrário, aqueles que comungam de pé devem, antes, fazer um gesto de reverência, isto é, de adoração.
Maria, a Mãe do Senhor, é o modelo de comportamento interior e exterior, no receber o Corpo do Senhor. No momento da Encarnação do Filho de Deus, Ela mostrava a máxima receptividade e humildade: “eis a escrava”. O gesto exterior mais conforme com este comportamento é o de estar de joelhos (como se vê não raramente na iconografia da Anunciação). O modelo da adoração amorosa da Virgem Maria “deve inspirar toda a nossa Comunhão eucarística” , disse o Papa João Paulo II.
O momento de receber o Corpo eucarístico do Senhor é certamente a ocasião mais apta para o fiel, nesta vida terrena, para exteriorizar o seu comportamento interior, “abismando-se na adoração e num amor sem limites”.
Num sentido semelhante, falava também o Beato Papa João XXIII: “O beato Eymard deixou escrito que, metendo-nos nos passos de Jesus, jamais se deixará Maria, e este belo título de Nossa Senhora do Sacramento põe-nos a todos de joelhos, como criancinhas submissas que seguem o exemplo da sua boa mãe, perante o grande mistério de amor de Seu bendito Filho Jesus”.
O modo de distribuir a Comunhão - às vezes, não apreciado devidamente na sua importância - reveste na realidade uma importância significante e tem conseqüências na fé e na devoção dos fiéis, na medida em que reflete visivelmente a fé, o amor e a delicadeza com que a Igreja trata o Seu Divino Esposo e Senhor, nas humildes espécies do pão e do vinho.
A consciência de que, nas humildes espécies eucarísticas está realmente presente toda a majestade de Cristo, Rei dos céus, diante do qual se prostram em adoração todos os anjos, era vivíssima nos tempos dos Padres da Igreja. Entre muitas vozes, basta citar a seguinte comovente advertência de São João Crisóstomo: “Já aqui este mistério te faz a terra, céu. Abre, pois, as portas do céu e olha; ou antes, não do céu, mas do Céu dos céus, e então poderás ver a verdade de tudo quanto te foi dito. De fato, como num palácio real, a parte mais suntuosa de todas não é dada nem pelos muros nem pelos tecto de ouro, mas pelo corpo do rei que se senta no trono; o mesmo vale para o corpo do Rei que está nos Céus. Pois bem, este corpo agora é te possível vê-lo aqui, na terra. Eu mostro-te, de fato, não anjos, nem arcanjos, não céus e céus dos céus, mas o seu próprio Senhor”.

4 - Os Padres da Igreja mostraram uma viva preocupação, a fim de que não se perdesse sequer um mínimo fragmento do pão eucarístico, como exortava São Cirilo de Jerusalém de uma forma tão sugestiva: “Sê vigilante, a fim de que não percas nada do Corpo do Senhor. Se tu deixasses cair algo, deverias considerá-lo como se tivesses cortado um dos membros do teu próprio corpo. Diz-me, peço-te, se alguém te desse grãozinhos de ouro, não os segurarias porventura com a máxima cautela e diligência, com a intenção de não perder nada? Acaso não deverias cuidar, com a máxima cautela e vigilância ainda maior, a fim de que nada e tão pouco um fragmentozinho do Corpo do Senhor pudesse cair por terra, porque é, de longe, bem mais precioso do que o ouro ou pedras preciosas?”.
Já Tertuliano dava testemunho da angústia e da dor da Igreja (no século II e III) para que se não perdesse nenhum fragmento: “Sofremos uma verdadeira angústia para que nada do cálice ou do pão caia por terra”.
O extremo cuidado e veneração pelos fragmentos do pão eucarístico era um fenômeno característico nas comunidades cristãs do século III conhecidas por Orígenes: “Vós, que por norma assistis aos divinos mistérios, recebendo o Corpo do Senhor, sabei como deveis guardá-Lo com todo o cuidado e veneração, a fim de que nem sequer cada um dos fragmentos caia por terra e não se perca algo do dom consagrado”.
O fato de que um fragmento eucarístico caísse por terra considerava-o São Jerônimo preocupante e um perigo espiritual: “Quando vamos receber o Corpo de Cristo, - quem é fiel que o entenda - se caísse um fragmento por terra, sintamo-nos em perigo”.
Na tradição litúrgica da Igreja copta, encontra-se a seguinte advertência: “Não há diferença alguma entre as partes maiores ou menores da Eucaristia, mesmo as mínimas que se não podem reconhecer com a agudeza da vista; todas elas merecem a mesma veneração e possuem a mesma dignidade que o pão inteiro”.
Nalgumas liturgias orientais, o pão consagrado é designado com o nome de “pérola(margarida). E assim, nas Collectiones Canonum Copticae se diz: “Queira Deus que nenhuma das pérolas ou fragmentos consagrados se fixe nos dedos ou caia por terra!”.
Na tradição da Igreja siríaca, o pão eucarístico era comparado com o fogo do Espírito Santo. Havia uma viva consciência de fé na presença de Cristo, até mesmo nos mínimos fragmentos do pão eucarístico, como atesta Santo Efrém: “Jesus encheu o pão de Si mesmo e de Espírito e chamou-o o Seu Corpo vivo. Isto que agora vos dei, dizia Jesus, não o considereis pão, e tampouco piseis os seus fragmentos. O mínimo fragmento deste pão pode santificar milhões de homens e basta para dar a vida a todos quantos o comam”.
A extrema vigilância e cuidado da Igreja dos primeiros séculos, a fim de que se não perdesse nenhum fragmento do pão eucarístico era um fenômeno universalmente difundido: Roma (S. Hipólito em “Traditio apostolica”, 32), África do Norte (Tertuliano em De corona, 3,4), Gália (S. Caesarius Arelatensis, em sermo 78,2), Egito (Origenes, In Exodum hom. 13,3), Antioquia e Constantinopla (S. João Crisóstomo, em Ecloga quod non indige accedendum sit ad divina mysteria), Palestina (S. Jerónimo, em Ps. 147,14), Síria (Santo Efrem, In hebd. sanctum, s. 4,4).
Num tempo em que se administrava a Comunhão apenas na boca e se usava mesmo a bandeja da Comunhão, o Papa Pio XI ordenou que se publicasse a seguinte premente exortação: “Na administração do sacramento eucarístico, deve mostrar-se um particular zelo, a fim de que não se percam os fragmentos das hóstias consagradas, já que em cada um deles está presente o Corpo inteiro de Cristo. Por isso, tome-se o cuidado, para que os fragmentos se não separem facilmente da hóstia e não caiam por terra, onde - é horrível dizê-lo! - se poderão misturar com a porcaria e ser calcados pelos pés”.
Num momento de tão grande importância na vida da Igreja, como é a recepção sacramental do Corpo do Senhor, deve prestar-se um correspondente cuidado, vigilância e atenção. O Papa João Paulo II, falando sobre a recepção da Sagrada Comunhão, constatou “deploráveis faltas de respeito nos confrontos com as espécies eucarísticas, faltas cuja gravidade recai também sobre os pastores da Igreja que tenham sido menos vigilantes com o porte dos fiéis para com a Eucaristia”. Por isto, devem ter-se em conta as circunstâncias particulares e históricas que se relacionam com os comungantes, a fim de que nada aconteça que possa provocar um dano ao respeito para com este sacramento, como avisava São Tomás de Aquino.
Todo o sacramento possui o dúplice e inseparável aspecto: o culto da adoração Divina e a salvação do homem. A forma do rito deve, por isso, garantir, do modo mais seguro possível, o respeito e o caráter sagrado da Eucaristia.
Precisamente este aspecto da unidade entre a disposição interior e a sua manifestação no gesto exterior explicava com palavras tão impressionantes e cheias do fervor da fé o Beato Columba Marmion, na seguinte oração dirigida a Jesus eucarístico: “Senhor Jesus, por nosso amor, para nos atrairdes a Vós, para Vos tornardes nosso alimento, Vós escondeis-nos a Vossa majestade. Quanto mais Vós escondeis a Vossa divindade, tanto mais nós desejamos adorar-Vos, tanto mais desejamos pôr-nos de joelhos aos Vossos pés com reverência e amor”.
O Beato Columba Marmion explica a causa da veneração exterior das espécies eucarísticas a partir da oração da Igreja: “Senhor, dai-nos a graça de venerar os sagrados mistérios do Vosso Corpo e do Vosso Sangue”. Por que venerar? Porque Cristo é Deus, porque a realidade das espécies sagradas é uma realidade sagrada e divina. Aquele que Se esconde na Eucaristia é Aquele que é, com o Pai e o Espírito Santo, o Ser Infinito, o Onipotente: “Ó Cristo Jesus, realmente presente, prostro-me aos Vossos pés. Que Vos seja dada a adoração, no sacramento, que Vós quisestes deixar-nos na vigília da Vossa Paixão, como testemunho do excesso do Vosso amor!”

5 - Na Igreja antiga, os homens, antes de receber o pão consagrado, deviam lavar as palmas das mãos (40). Por outro lado, o fiel inclinava-se profundamente, recebendo o Corpo do Senhor com a boca, diretamente da palma da mão direita e não da mão esquerda (41). A palma da mão servia por assim dizer como patena ou corporal (especialmente para as mulheres). Assim se lê num sermão de São Cesário de Arles (470-542): “Todos os homens que desejem comungar, devem lavar as suas próprias mãos. E todas as mulheres devem trazer um pano de linho, sobre o qual recebem o Corpo de Cristo”.
Habitualmente, a palma da mão foi purificada, ou seja, lavada, depois da recepção do pão eucarístico, como até agora tem sido norma na Comunhão do clero, no rito bizantino.
A Igreja antiga vigiava, a fim de que a recepção do Corpo do Senhor na mão fosse acompanhada por um comportamento, mesmo exterior e de profunda adoração, como se pode constatar da seguinte homilia de Teodoro de Mopsuesto: “Cada um de nós se aproxima, pagando uma espécie de dívida com a adoração, fazendo assim uma profissão de fé em que está recebendo o Corpo do Rei. Tu, porém, deves ter recebido o Corpo de Cristo nas tuas próprias mãos, adorá-Lo com amor grande e sincero, fixá-Lo com os teus olhos, beijá-Lo!”
Nos velhos cânones da Igreja caldéia, mesmo o sacerdote celebrante era proibido de meter o pão eucarístico na sua própria boca com os dedos. Pelo contrário, devia tomar o Corpo do Senhor da palma da sua mão e, com esta, levá-lo diretamente à boca; como motivo, era indicado que se tratava, não de um alimento comum, mas de alimento celeste: “Ao sacerdote, ordena-se que receba a partícula do pão consagrado diretamente da palma da sua mão. Que lhe não seja permitido metê-la com a mão na boca, mas deve tomá-la com a boca, pois se trata de um alimento celeste”.
No rito caldeu e siro-malabarense, há uma particularidade que exprime o profundo respeito ao tratar o pão consagrado: antes que o sacerdote na liturgia eucarística toque com os seus dedos o Corpo do Senhor, são-lhe incensadas as mãos. O Cardeal J. Ratzinger tinha feito a seguinte observação: o fato de que o sacerdote tome, ele próprio, o Corpo do Senhor, não só o distingue do leigo, mas deve incitá-lo a tomar consciência de que se encontra diante do mistério tremendo e de agir na pessoa de Cristo.
O fato de que um homem mortal tomava o Corpo do Senhor diretamente nas suas mãos, exigia, para São João Crisóstomo, um comportamento de grande maturidade espiritual: “O sacerdote continuamente toca Deus com as suas mãos. Que pureza, que piedade se exige dele! Reflete agora um pouco, como deveriam ser essas mãos que tocam coisas tão santas!”
Na antiga Igreja siríaca, o rito da distribuição da Comunhão era comparado com a cena da purificação do profeta Isaías, por parte de um dos serafins. Num dos seus sermões, Santo Efrém deixa falar Cristo com estas expressões: “O carvão trazido santificou os lábios de Isaías. Fui Eu que, trazido agora a vós por meio do pão, vos santifiquei: As tenazes que o profeta viu e com que foi tomado o carvão do altar, eram a figura de Mim próprio, no grande sacramento. Isaías viu-Me a Mim, assim como vós Me vedes a Mim agora, estendendo a Minha mão direita e levando às vossas bocas o pão vivo. As tenazes são a Minha mão direita. Eu faço as vezes do serafim. O carvão é o Meu Corpo. Todos vós sois Isaías”.
Esta descrição permite concluir que na Igreja siríaca, no tempo de Santo Efrém, a Sagrada Comunhão era distribuída diretamente na boca. Isto mesmo se pode constatar também na liturgia dita de S. Tiago, que era ainda mais antiga do que a chamada de São João Crisóstomo.
Na liturgia de São Tiago, antes de distribuir aos fiéis a Sagrada Comunhão, o sacerdote recita esta oração: “Que o Senhor nos abençoe e nos torne dignos de tomar, com mãos imaculadas, o carvão aceso, metendo-o na boca dos fiéis”.
No rito siro-ocidental, o sacerdote, ao distribuir a Comunhão, recita esta fórmula: “O propiciatório e vivificante carvão do Corpo e do Sangue de Cristo, nosso Deus, é dado ao fiel pelo perdão das ofensas e pela remissão dos pecados”.
Existe um testemunho semelhante de São João Damasceno: “Recebamos o carvão Divino, para que sejamos inflamados e divinizados pela nossa participação no fogo divino. Isaías viu este carvão. Agora, o carvão não é simples madeira, mas madeira unida com o fogo. Do mesmo modo, o pão da Comunhão não é simples pão, mas pão unido com a Divindade”.
Com base na experiência feita nos primeiros séculos, ao crescimento orgânico da compreensão teológica do mistério eucarístico e ao conseqüente desenvolvimento ritual, o modo de distribuir a Comunhão na mão foi limitada, no fim da idade patrística, a um grupo qualificado, isto é, ao clero, como acontece até agora no caso dos ritos orientais. Aos leigos, começou-se portanto a distribuir o pão eucarístico (mergulhado no vinho consagrado, nos Ritos orientais) diretamente na boca. Na mão, distribui-se nos Ritos orientais apenas o pão não consagrado, o chamado “antidoron”. E assim se mostra, de modo evidente, a própria diferença entre pão eucarístico e pão simplesmente abençoado.

6 - Há alguns anos, o Cardeal Joseph Ratzinger fez a seguinte constatação preocupante, a respeito do momento da Comunhão em alguns lugares: “Nós já não subimos à grandeza do evento da Comunhão, mas arrastamos o dom do Senhor para baixo do ordinário da livre disposição, para a quotidianidade”.
Estas palavras do então cardeal Joseph Ratzinger são quase um eco das advertências dos Padres da Igreja, a respeito do momento da Comunhão, como muito bem se pode perceber, por exemplo, nas seguintes expressões de São João Crisóstomo, doutor eucarístico: “Pensas em quanta santidade é necessário que tu tenhas, pelo momento em que recebeste sinais ainda maiores do que aqueles que os Judeus receberam no Santo dos Santos? A habitar em ti, de fato, tu não tens os Querubins, mas o Senhor dos próprios Querubins; não tens, nem a arca, nem o maná, nem a tábua de pedra e tão pouco a vara de Aarão, mas o Corpo e o Sangue do Senhor, o Espírito em lugar da letra, tens um dom inenarrável. Pois bem, com quantos maiores sinais e mais veneráveis mistérios foste honrado, de tanto maior santidade és obrigado a prestar contas”.
O autêntico e restrito vínculo que une a idade antiga (patrística) com a Igreja atual, nesta matéria, é o cuidado reverente do Corpo do Senhor, mesmo nos mais pequenos fragmentos.
A Santa Sé, numa recente Instrução para as Igrejas orientais católicas, falando do modo de distribuir a Comunhão, e particularmente do uso que apenas os sacerdotes toquem o pão eucarístico, exprime um critério que é, em si mesmo, válido para a prática litúrgica de toda a Igreja: “Mesmo que isto exclua a valorização de outros critérios, embora legítimos, e implique a renúncia a algum comodismo, uma modificação do uso tradicional arrisca-se a comportar uma intrusão não orgânica a respeito do quadro espiritual que se tem mencionado”.
Na medida em que se constata uma cultura que se afastou da fé e que já não conhece Aquele diante do qual se ajoelhar, o gesto litúrgico do ajoelhar-se “é o gesto justo, ou antes, o interiormente necessário” , como observava o Cardeal Joseph Ratzinger.
O grande Papa João Paulo II insistia no facto de que, tendo em vista a cultura anti-sacra do tempo moderno, a Igreja de hoje deverá sentir um especial dever a respeito da sacralidade da Eucaristia: “Importa recordá-lo sempre, e talvez sobretudo no nosso tempo, no qual observamos uma tendência para apagar a distinção entre “sagrado” e “profano”, dada a geral e difundida tendência (pelo menos em certos lugares) para a dessacralização de todas as coisas. Perante uma tal realidade, a Igreja tem o particular dever de assegurar e corroborar o “sagrado” da Eucaristia. Na nossa sociedade pluralística, e muitas vezes mesmo deliberadamente secularizada, a viva fé da comunidade cristã garante a este “sacrum” o direito de cidadania”.

7 - A Igreja atesta com o próprio rito a sua fé em Cristo e adora-O a Ele, que está presente no Mistério eucarístico e é dado como alimento aos fiéis (58). O modo de tratar o pão eucarístico reveste-se de um valor altamente pedagógico. O rito deve ser um testemunho fiel daquilo que a Igreja acredita. O rito deve ser o pedagogo ao serviço da fé (do dogma). O gesto litúrgico, de um modo eminente o gesto de receber o Corpo Eucarístico do Senhor, de receber por conseguinte o “Santo dos Santos” , impõe ao corpo e à alma atitudes conformes com as exigências do espírito.
O servo de Deus Cardeal John Henry Newman ensinava, neste sentido: “Acreditar e não mostrar algum sinal de reverência, um culto com familiaridade, segundo o seu próprio gosto, é coisa anômala e um fenômeno desconhecido mesmo pelas falsas religiões, não falando de verdadeiras religiões. Culto, formas de culto - como o ajoelhar-se, tirar os sapatos, fazer silêncio e coisas semelhantes - são considerados como necessários para poder aproximar-se devidamente de Deus”. São João Crisóstomo reprovava os sacerdotes e diáconos que distribuiam a Sagrada Comunhão com respeito humano e sem o devido cuidado: “Mesmo que alguém, por ignorância, se aproxime da Comunhão, impedi-o, não temais. Teme Deus e não o homem. Se de facto temes o homem, este mesmo escarnecerá de ti; se, pelo contrário, temes a Deus, serás respeitado, mesmo pelos homens. Estarei disposto a morrer, antes que dar o sangue do Senhor a uma pessoa indigna; derramaria o meu sangue, antes que dar o venerado Sangue do Senhor de um modo inadequado”.
São Francisco de Assis advertiu os clérigos, convidando-os a uma particular vigilância e reverência no distribuir a Sagrada Comunhão: “Há alguns... que a (Eucaristia) distribuem de um modo desatinado... Não nos movem à compaixão todas estas profanações, pensando que o próprio Senhor, tão bom, Se abandona nas nossas mãos e todos os dias O temos, e recebemos com a nossa boca? Teremos porventura esquecido que um dia seremos nós que iremos cair nas Suas mãos?”.
Não se deve tão pouco esquecer a sempre atual advertência do Catecismo Romano, que traduz no fundo o ensinamento do Apóstolo Paulo em 1 Cor 11, 27-30: “Entre todos os sagrados Mistérios... não há nenhum que possa ser comparado com o Santíssimo Sacramento da Eucaristia: e, por conseguinte, não há ofensa que faça temer um pior castigo de Deus que o dos fiéis que tratam não santa nem devotamente um Mistério que é todo santidade, ou antes, que contém em si mesmo o próprio Autor e a Fonte da santidade”.

8 - A Igreja de rito latino poderia, nos dias de hoje, aprender muito das Igrejas orientais, no modo como se deve tratar Cristo eucarístico, durante a Comunhão, para citar apenas um dos muitíssimos e belíssimos testemunhos: “O Santo desce na hóstia e no cálice, em glória e majestade, acompanhado pelos presbíteros e pelos diáconos, numa grande procissão. Milhares de anjos e de servidores de fogo do Espírito descem diante do Corpo de Nosso Senhor, glorificando-O”.
O axioma dos Padres da Igreja sobre o modo de tratar Cristo durante a Comunhão era este: “Cum amore ac timore!” . Testemunham-no, por exemplo, também estas comoventes palavras de S. João Crisóstomo, doutor eucarístico: “Vamos com a devida modéstia ao encontro do Rei dos Céus. E, ao receber esta hóstia santa e imaculada, beijemo-La com efusão e abracemo-La com o nosso olhar, abrasemos a nossa mente e a nossa alma, para nos não reunirmos para o juizo e a condenação, mas para nos tornarmos santos e edificarmos o próximo”.
As Igrejas orientais conservavam este comportamento interior e igualmente exterior, mesmo nos tempos modernos e até nos nossos dias. No seu opúsculo “Meditações sobre a Divina Liturgia”, o famoso escritor russo Nikolaj Gogol assim comentava o momento da recepção da Sagrada Comunhão: “Com ardente desejo e inflamado pelo fogo do santo amor de Deus, os comungantes aproximam-se, recitando a confissão da fé no Senhor Crucificado. Depois da recitação da oração da confissão, cada um aproxima-se, não já do sacerdote, mas do flamejante serafim. O fiel abre os seus lábios, para receber, com a santa colherzinha o carvão ardente do Corpo e do Sangue de Cristo”.
Um santo moderno da Igreja russo-ortodoxa, o sacerdote João de Kronstadt (+1908), assim descreve o aspecto espritual e gestual do momento da Sagrada Comunhão: “Que aconteceria se Vós, Senhor Deus meu Jesus Cristo, fizésseis resplandecer a luz do Vossa divindade do Vosso Santíssimo Sacramento, quando o sacerdote o leva nas suas mãos a um doente? Diante desta luz, todos os que o encontrassem ou o vissem, ficariam prostrados espontaneamente por terra, uma vez que os anjos cobrem a sua face diante deste sacramento. Enquanto, pelo contrário, quantos são aqueles que, com indiferença, tratam este celeste sacramento!
Numa explicação da Divina Liturgia, recentemente editada pela Igreja russo-ortodoxa, encontra-se esta instrução dada aos fiéis que comungam: “Esses leigos que estão preparados para a recepção dos sagrados mistérios, depois da exclamação do diácono, devem aproximar-se do cálice com o temor de Deus, porque se aproximam do fogo, devem aproximar-se com a fé no sacramento e com o amor a Cristo. Cada um deve prostrar-se por terra, adorando Cristo realmente presente nos sagrados mistérios”.
A Igreja da antiguidade e os Padres da Igreja mostraram uma grande sensibilidade pelo significado do gesto ritual. Pois o primeiro e contínuo efeito do rito sacral e litúrgico consiste no desligar e libertar o homem do quotidiano.

9 - O espírito autêntico da devoção eucarística dos Padres da Igreja desenvolveu-se organicamente no fim da antiguidade em toda a Igreja (Oriente e Ocidente) nos correspondentes gestos do modo de receber a Sagrada Comunhão na boca, com a precedente prostração por terra, (Oriente ou ajoelhados - Ocidente). Instrutiva neste contexto é uma comparação com o desenvolvimento do rito da Comunhão nas comunidades protestantes. Nas primeiras comunidades luteranas, recebia-se a Comunhão na boca e de joelhos, uma vez que Lutero não negava a presença real. Pelo contrário, Zwinglio, Calvino e seus sucessores, que negavam a presença real, introduziram, ainda no século XVI, a comunhão na mão e de pé: “Estar de pé e movendo-se, para receber a Comunhão, era hábito”.
Uma prática semelhante se observava na comunidade de Calvino em Genebra: “Era hábito mover-se e estar de pé, para receber a Comunhão. A gente estava de pé diante da mesa e recebia as espécies com as suas próprias mãos”.
Alguns sínodos da Igreja calvinista da Holanda, nos séculos XVI a XVII, estabeleceram formais proibições de receber a Comunhão de joelhos: “Nos primeiros tempos, a gente ajoelhava-se durante a oração e recebia a Comunhão ainda ajoelhada, mas alguns sínodos proibiram-no, para evitar toda a hipótese de que o pão pudesse ser venerado”.
Na consciência dos cristãos do 2º milênio (quer católicos quer protestantes) o gesto de receber a comunhão de pé ou de joelhos não era, pois, um aspecto insignificante.
Nalgumas edições diocesanas do Rituale Romanum post-tridentino era conservado ainda o antigo uso de dar aos fiéis, imediatamente depois da Comunhão do Corpo de Cristo, o vinho não consagrado, com o fim da ablução da boca. Nestes casos, prescrevia-se que o fiel não recebesse o vinho de joelhos, mas sim de pé.
Por outro lado, deve ter-se em conta o valor altamente educativo de um gesto sacral e augusto. Um gesto de cotidianidade não tem um efeito educativo, que ajudaria um crescimento do sentido do sagrado. Deve ter-se em conta que propriamente o homem moderno é bem pouco capaz de um ato litúrgico e sagrado, como justa e profeticamente observou Romano Guardini num artigo escrito já no ano de 1965: “O homem de hoje não é capaz de ato litúrgico. Para esta ação, não basta a instrução, é necessária a educação, ou antes, a iniciação que, no fundo, não é mais que o exercício deste ato”.
Se cada celebração litúrgica é ação sagrada por excelência (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 7), devem sê-lo também, e sobretudo, o rito e o gesto de receber a Sagrada Comunhão, o Santíssimo por excelência. O Papa Bento XVI, na exortação apostólica post-sinodal Sacramentum Caritatis sublinha o aspecto da sacralidade a respeito da Sagrada Comunhão: “Receber a Eucaristia significa pôr-se em atitude de adoração para com Aquele que recebemos” (n. 66).
A atitude de adoração para com Aquele que está realmente presente no humilde pedacinho de pão consagrado, não apenas com o Seu Corpo e o Seu Sangue, mas também com a majestade da Sua Divindade, exprime-se, de modo mais natural e evidente, com o gesto bíblico da adoração de joelhos ou em prostração. São Francisco de Assis quando, de longe, via um campanário, ajoelhava-se e adorava Jesus, presente na Sagrada Eucaristia. Não corresponderia, pois, bem mais, à verdade da íntima realidade do pão consagrado, se também o fiel de hoje, ao recebê-lo, se prostrasse por terra abrindo a boca, como o profeta, que recebia a palavra de Deus (Ez 2) e se deixava alimentar como uma criancinha (uma vez que a Comunhão é um aleitamento espiritual)? Um tal comportamento mostraram-no as gerações dos católicos em todas as igrejas, durante quase todo o segundo milênio. Um tal gesto seria também um impressionante sinal da profissão de fé na presença real de Deus no meio dos fiéis. Se aparecesse algum não crente e observasse um tal ato de adoração e de simplicidade espiritual, talvez também ele “se prostrasse por terra e adorasse Deus, proclamando que verdadeiramente Deus está no meio de vós” (1 Cor 14, 24-25). Assim deveriam ser os encontros dos fiéis com Cristo eucarístico, no augusto e sagrado momento da Comunhão.
O conhecido convertido inglês Frederick William Faber (1814-1863) sentiu-se impelido para a conversão, quando foi testemunha de um comovente gesto de adoração e da fé na presença real de Cristo na Eucaristia, na Basílica Lateranense, no ano de 1843. Para um católico, essa era uma cena ordinária e habitual, mas para Faber, no entanto, foi uma cena inesquecível para toda a sua vida. Ele mesmo assim o conta: “Todos nós nos ajoelhávamos com o Papa. Nunca vi uma cena mais comovedora. Os Cardeais e Prelados ajoelhados, os soldados de joelhos, a multidão colorida ajoelhada, no meio do esplendor da magnífica igreja, estava o ancião Papa vestido de branco, humildemente prostrado de joelhos, diante do sublime e sacrossanto Corpo de nosso Senhor; e, entretanto, havia um profundíssimo silêncio. Que santo espetáculo era este!”

CONCLUSÃO

Sobre o fundo da bimilenária história da piedade e da tradição litúrgica da Igreja universal, no Oriente e no Ocidente, sobretudo a respeito da evolução orgânica do patrimônio patrístico, pode fazer-se a seguinte síntese:

1 - A evolução orgânica da piedade eucarística, como fruto da piedade dos Padres da Igreja tem conduzido todas as Igrejas, quer no Oriente quer no Ocidente, ainda no primeiro milênio, a administrar a Sagrada Comunhão aos fiéis diretamente na boca. No Ocidente, no início do segundo milênio, acrescentou-se o gesto profundamente bíblico de ajoelhar-se. Nas várias tradições litúrgicas orientais, rodeia-se o momento da recepção do Corpo do Senhor com augustas cerimônias e, muitas vezes, exige-se dos fiéis uma prévia prostração por terra.

2 - A Igreja prescreve o uso da bandeja da Comunhão, para evitar que algum fragmento da hóstia consagrada caia por terra (cf. Missale Romanum, Institutio generalis, n. 118; Redemptionis Sacramentum, n. 93) e que o bispo lave as mãos depois da distribuição da Comunhão (cf. Caeremoniale episcoporum, n. 166). No caso da distribuição da Comunhão na mão, acontece porém, não raramente, uma separação dos fragmentos da hóstia, os quais caem por terra ou ficam agarrados às palmas e aos dedos da mão.

3 - O momento da Sagrada Comunhão, enquanto ela é o encontro do fiel com a Pessoa Divina do Redentor, exige, por sua natureza, também exteriormente, gestos ou atitudes tipicamente sagrados como a prostração de joelhos (na manhã de domingo da Ressurreição, as mulheres adoraram o Senhor ressuscitado, prostrando-se por terra diante d’Ele (Mt 28,9) e também os Apóstolos o fizeram (Lc 24,52) e talvez o apóstolo São Tomé, dizendo: “Meu Senhor e Meu Deus!” (Jo 20,28).

4 - O deixar-se alimentar como uma criancinha, recebendo a Comunhão diretamente na boca, exprime ritualmente, do melhor modo, o caráter da receptividade e do ser criancinha diante de Cristo que nos alimenta e que nos “aleita ou amamenta” espiritualmente. O adulto, pelo contrário, leva ele mesmo o alimento com os seus dedos à boca.

5 - A Igreja prescreve que, durante a celebração da Santa Missa, no momento da consagração, todo o fiel deva ajoelhar-se. Não seria liturgicamente mais adequado se, no momento da Sagrada Comunhão, quando o fiel se aproxima, mesmo corporalmente, o mais próximo possível do Senhor, o Rei dos reis, ele mesmo O saudasse e recebesse ajoelhado?

6 - O gesto de receber o Corpo do Senhor na boca e de joelhos poderia ser um testemunho visível da fé da Igreja no mistério eucarístico e também um fator renovador e educativo para a cultura moderna, para a qual o ajoelhar-se e a infância espiritual são fenômenos completamente estranhos.

7 - O desejo de prestar à augusta pessoa de Cristo, mesmo no momento da Sagrada Comunhão, de um modo visível, o afeto e a honra, deveria adequar-se ao espírito e ao exemplo da bimilenária tradição da Igreja: “Cum amore ac timore” (o adágio dos Padres do primeiro milênio) e “quantum potes, tantum aude” (quanto possas tanto O louva, o adágio do segundo milênio ).

Por fim, demos espaço a uma comovente oração de Maria Stang, mãe e avó alemã do Volga, que foi deportada pelo regime stalinista no Kasakbstan. Esta mulher, com alma “sacerdotal” , guardava a Sagrada Comunhão e levava-a para o meio da perseguição comunista aos fiéis espalhados nas estepes infindáveis do Kazakhstan, rezando com estas palavras:
Lá, onde habita o meu querido Jesus, onde Ele reina no Sacrário, lá, quero eu estar ajoelhada continuamente. Lá, quero rezar perpetuamente. Jesus, eu amo-Vos profundamente. Amor escondido, adoro-Vos. Amor abandonado, adoro-Vos. Amor desprezado, adoro-Vos. Amor espezinhado, adoro-Vos. Amor infinito, Amor morto por nós na Cruz, adoro-Vos. Meu querido Senhor e Salvador, fazei que eu seja inteiramente amor, inteiramente expiação pelo Santíssimo Sacramento, no Coração de Vossa clementíssima Mãe Maria. Amém”.

Queira Deus que os Pastores da Igreja possam renovar a Casa de Deus que é a Igreja, pondo Jesus Eucarístico no centro, dando-Lhe o primeiro lugar, procedendo de modo a que Ele receba gestos de honra e de adoração, no próprio momento da Sagrada Comunhão. A Igreja deve ser corrigida a partir da Eucaristia (Ecclesia ab Eucharistia emendanda est!) Na hóstia consagrada não há qualquer coisa, mas Alguém. “Ele está lá!”, assim sintetizou São João Maria Vianney, o santo Cura d’Ars, o Mistério Eucarístico. Pois nele se trata de nada mais e de ninguém maior que o próprio Senhor: “Dominus est!”

(Formatação, Maria)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vamos juntos lutar contra o império do MAL

A existência do demônio

Entrevista do Pe. Rufus Pereira à Canção Nova

Exorcista autorizado pelo Vaticano trata o tema da libertação do demônio

"Qualquer pessoa que não acredite na existência do demônio, não pode dizer-se católica". É o que aponta o presidente da Associação Internacional para o Ministério de Libertação da Renovação Carismática Católica (RCC) e vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas, Padre Rufus Pereira.

O exorcista autorizado pelo Vaticano e pároco da Arquidiocese de Bombaim, na Índia, esteve na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Conduziu dois Acampamentos de Cura e Libertação, um retiro com cerca de 100 padres e atendeu em coletiva de imprensa o Sistema Canção Nova de Comunicação.

Para padre Rufus, o motivo pelo qual muitos na Igreja não se preparam para ajudar os fiéis que sofrem interferência do demônio ocorre pelo fato de nunca terem tido uma experiência com o sofrimento dos possessos e nem terem visto como a libertação pode acontecer. O sacerdote também é diretor do Instituto Bíblico Carismático Católico e foi recentemente integrado ao órgão internacional da RCC, o ICCRS, em Roma.

Canção Nova: A existência do demônio e sua ação sobre o mundo é algo que está na doutrina da Igreja. Mas por que muitos não acreditam na existência e no poder dele sobre a humanidade?

Padre Rufus: Bem, por um lado está bem claro em certo entendimento, no entendimento dos católicos, por meio da Bíblia, de todos os documentos da Igreja nesses dois mil anos e de todos os ministérios passados, nesses últimos anos, estão certos de que o demônio existe.

Infelizmente, muitos professores acadêmicos - tenho medo de que até homens da Igreja - negam a existência do demônio. Padre Gabrielle Amorth, presidente da Associação dos Exorcistas, na qual fui vice-presidente por 10 anos, é muito firme em dizer que qualquer pessoa que não acredite na existência do demônio, não pode dizer-se católica.

A razão pela qual eu acredito que muitos neguem a existência do demônio é porque eles nunca tiveram uma experiência com os sofrimentos de outras pessoas com relação a isso e nunca viram como elas podem ser libertas. Eu desafio todos os homens de dentro da Igreja: venham e vejam apenas um caso e saberão que o inimigo existe e que Jesus é o único que pode libertá-los.

Canção Nova: E a formação dos futuros sacerdotes, em grande parte dos seminários, que não aborda temas como a ação do demônio e não os ensina a lidar com este tipo de situação?

Padre Rufus: É muito, muito triste que, – os que estão sendo treinados para ser soldados de Cristo e alcançar a vitória para o bem de todos –, não saibam quem é realmente o inimigo de Deus. Felizmente, há alguns poucos lugares nos quais está havendo algumas mudanças. Um exemplo disso é que o reitor do seminário em Praga, na capital da Tchecoslováquia, convidou-me para dar um curso de cura e libertação aos seminaristas, como professor palestrante.

Na Índia, há duas grandes universidades de teologia, onde sou professor palestrante de teologia bíblica e ensino isto para todos aqueles que estão fazendo doutorado e PhD, todos os anos. Uma semana falo sobre o ministério de cura de Jesus; outra, sobre o ministério de libertação de Jesus. Uma pequena mudança está acontecendo, mas não é rápido o suficiente.

A Conferência dos Bispos da Itália teve a coragem de escrever uma carta na qual eles, unanimemente, dizem que os dois grandes problemas enfrentados na Igreja da Itália é que, de um lado, as pessoas, que se dizem católicas, são muito supersticiosas; do outro, que os católicos não estão cientes de que estão buscando ajuda em seitas inimigas.

Canção Nova: Qual é a realidade da América Latina, mais especificamente do Brasil, quanto ao trabalho de ministros de exorcismo no atendimento às pessoas?

Padre Rufus: Acredito que esta é uma situação também da América Latina, onde as pessoas mudam constantemente de religião. Elas são muito supersticiosas, exemplo disso é que elas acreditam muito em aspectos errados da religião e, por outro lado, elas estão indo atrás do inimigo. De forma que os trabalhos da Igreja são dois: alertá-las sobre o que Jesus disse sobre o perigo de ir até o inimigo e, por outro lado, mais importante, é apresentá-las a alternativa de uma forma poderosa em que Jesus, sozinho, pode resolver todo problema maligno, curá-las de qualquer doença física ou espiritual, libertá-las de qualquer opressão, seja ela humana, demoníaca ou de qualquer outro tipo.

Canção Nova: Qual a contribuição que a Renovação Carismática Católica (RCC) trouxe para a formação dos sacerdotes ministeriados em cura e libertação?

Padre Rufus: Bem, a Renovação Carismática Católica tem realizado duas coisas maravilhosas, como o ministério de cura, que é um presente da RCC para a Igreja e também o ministério de libertação. Infelizmente, enquanto muitos na RCC promovem e acreditam no ministério de cura e libertação, muitas coisas ainda não são feitas – até mesmo pela própria RCC –, para alertar as pessoas sobre a importância da libertação e para promover esse ministério. Então, a RCC, por si mesma, precisa fazer muito mais para conscientizar as pessoas sobre o ministério da cura e, especialmente, sobre o ministério de libertação. Eu sou muito grato porque, aqui no Brasil, a Canção Nova pensa da mesma forma que eu.

Canção Nova: Qual a recomendação para um padre que se sente despreparado para lidar com alguém influenciado pelo demônio?

Padre Rufus: Muitas vezes, as pessoas não têm conhecimento sobre este assunto, e a primeira coisa a fazer é ler os melhores livros disponíveis para esses tipos de problema. Um bom exemplo é ler o livro de Frei Francis chamado "Libertação dos espíritos malignos". No apêndice desta obra há uma entrevista que ele fez comigo, há alguns anos. Você também pode ler os meus pequenos livros sobre alguns artigos sobre a ação do Espírito Santo, que nos explica que a nossa ignorância sobre o assunto é o grande problema.

Devido à falta de experiência, normalmente, a única forma de saber o que fazer é estar presente em um caso com um bom exorcista de libertação e ver o que acontece. Muitas pessoas, que fazem parte desses ministérios, como o padre Manuel Sabino (fiquei sabendo que ele esteve aqui na Canção Nova), me viram trabalhando com esses casos por dias e semanas, e, agora, estão caminhando com suas próprias pernas.

Pe. Rufus Pereira

Repugnante precisamos dizer NÃO

Qui, 28 Ago, 12h12

Por Philip Pullella


ROMA (Reuters) - Um museu italiano desafiou o papa Bento 16 e se recusou a remover uma escultura de arte contemporânea que mostra um sapo verde crucificado, segurando nas mãos uma caneca de cerveja e um ovo. O Vaticano considerou a peça uma blasfêmia.

A maioria dos membros do conselho do museu Museion, na cidade de Bolzano, decidiu que o sapo é uma obra de arte e continuará na exposição.

Chamada de "Zuerst die Fuesse" (primeiro os pés), o sapo usa um pano verde na área da cintura e está pregado pelas mãos e pelos pés como Jesus Cristo. Uma língua verde pende para fora de sua boca.

O trabalho do artista alemão Martin Kippenberger, morto em 1997, foi exposto na Tate Modern e na Galeria Saatchi, em Londres, e na Bienal de Veneza. Retrospectivas da obra do artista estão programadas para Los Angeles e Nova York.

Autoridades do museu localizado na região ao norte de Alto Ádige disseram que o artista considerava a peça uma ilustração do medo sentido pelos seres humanos.

O papa, que nasceu na Alemanha e recentemente passou suas férias em um lugar perto de Bolzano, obviamente não concorda.

Em nome do papa, o Vaticano escreveu uma carta de apoio a Franz Pahl, líder do governo daquela região e uma das vozes contrárias à escultura.

"Claramente, não se trata de uma obra de arte, mas de uma blasfêmia e de um degradante pedaço de lixo que deixou muitas pessoas indignadas", afirmou Pahl à Reuters, por telefone, enquanto a diretoria do museu realizava sua reunião.

Na carta, o Vaticano disse que a obra "fere os sentimentos religiosos de muitas pessoas que vêem na cruz o símbolo do amor divino".


Fonte: Yahoo Notícias

A hora milagrosa

Terça-Feira, 09 de setembro 2008
Não deixe passar a hora da misericórdia

Santa Faustina nos recorda: "Então, vi Nossa Senhora, que me disse: Oh! Como é agradável a Deus a alma que segue fielmente a inspiração da Sua graça! Eu dei o Salvador ao mundo e, quanto a ti, deves falar ao mundo da Sua grande misericórdia, preparando-o para a Sua Segunda vinda, quando virá não como Salvador misericordioso, mas como Justo Juiz. Oh! Quão terrível será esse dia! Está decidido o dia da justiça, o dia da ira de Deus; os próprios Anjos tremem diante dele. Fala às almas dessa grande misericórdia, enquanto é tempo de compaixão. Se tu te calares agora, terás de responder naquele dia terrível por um grande número de almas. Nada receies, sê fiel até o fim, Eu me compadeço de ti" (Diário de Santa Faustina nº 635).

É muito claro, não é verdade? Entre conosco neste Novo Tempo. É a Hora da Graça! O Dia da Salvação! O Tempo da Misericórdia. O próprio Jesus mandou, que no quadro da sua misericórdia viesse escrito: "Jesus, eu confio em Vós!"

Nós rezamos diariamente às 15 h o Terço da Misericórdia, porque foi Jesus mesmo quem o ensinou a Santa Faustina e insistiu com ela para que parasse e rezasse nesta hora que Ele chamou de 'A hora da Misericórdia'. "Às três horas da tarde, implora à Minha misericórdia especialmente pelos pecadores e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Esta é a Hora da grande misericórdia para o Mundo inteiro. Permitirei que penetres na Minha tristeza mortal. Nessa hora nada negarei à alma que Me pedir pela Minha Paixão (...)" (id.ib. nº 1320).

É isso que Ele espera de cada um de nós: a nossa total confiança.

Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A misericórdia de Deus

Viver a misericórdia é aceitar estar sob as asas do Altíssimo
Nos últimos 10 anos assim foi minha existência, vivo incondicionalmente da misericórdia!
Para mim que sou parte de um casal em segunda união ou seja sou solteira e meu marido já foi sacramentado no matrimônio, vivo sem a Eucaristia, sem receber o Corpo de Jesus, e que saudade sinto dele, mas em tudo isso o Senhor me mostrou uma outra face que é sua misericórdia, eu pude nestes anos ver minha pequenez, eu que achava que era tão forte, eu que pensava respeitar tanto o Senhor, que pensava ser uma ótima cristã, percebi que Deus tinha uma missão muito maior para mim, Ele me queria menor, Ele me queria submissa, Ele queria que eu percebesse que meus sonhos não poderiam ser somente meus mas sim que eu vivesse os sonhos que ele tinha pra mim, eu era uma adolescente cheia de planos mas os planos eram meus, e a partir do momento que me deixei conduzir passei a viver o plano de Deus o Sonho de Deus!
E como é bom ser conduzida!
Como é bom esperar no Senhor!!!!!
Sentir aquela saudade que quer arrebentar o coração!!!!
E pensar no dia que eu puder novamente me aproximar dEle por vontade dEle!!!!!
Meus Deus vou me derramar a seus pés!
Mas se é para ser testemunho, eis me aqui Senhor!!!!!
A paz De Jesus

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A PARTILHA

Este é um espaço criado por mim, para você que precisa de um apoio, que esta passando por momentos difíceis, percas pessoais, quero aqui partilhar um pouco do que sou, um pouco de minha vida!!!!!
E aquele que também desejar use este espaço, vamos fazer uma grande comunidade.
A partilha!!!!!!